Live: Competências do Profissional no “Novo Normal” nas Empresas

No dia 1 de julho de 2020, realizamos nossa entrevista semanal com a Carla Lages Tolentino!

Carla é apaixonada por temas relacionados a diversidade e desenvolvimento humano, e acredita ser este meu propósito de vida! Mãe do Miguel, um menino adorável que a ensina todos os dias o poder do amor e da educação consciente! É psicóloga, especialista de RH e com formação em coaching, com experiência nestes pilares desde 2005, 2003 e 2013, respectivamente. Gosta de interagir, através de uma linguagem clara, direta, e, sempre que possível, informal. Atualmente trabalha na ArcelorMittal, como RH business partner.

Pedro Saraiva: Como as empresas estão se reorganizando nesse “Novo Normal”? Quais práticas estão sendo adotadas?

Carla: Essa situação toda fez as empresas se reorganizarem. Inovação, inteligência artificial, possibilidade de home office, a estrutura física das empresas mudou para proteger os colaboradores. Podemos acelerar os processos com a tecnologia, mas isto não retirará a importância do fator humano em qualquer mercado.

Saraiva: O que muda na cultura organizacional?

Carla: Em grande parte das empresas a cultura já estava sendo revista e este processo acelerou essa revisão. Este processo deixou de ser algo do RH, agora todos os funcionários possuem maior papel nessa mudança. A forma de gerar resultado, avaliar o serviço, avaliar as pessoas, tudo isso necessita de um novo método avaliativo devido a toda essa troca de rotina e ter um colaborador saudável será necessária para isso!

Saraiva: Que competências são importantes desenvolver diante desse novo cenário? Como se preparar?

Carla: As competências técnicas são desenvolvidas com maior facilidade, em comparação com as comportamentais. Para desenvolver as comportamentais, o indivíduo precisa estar aberto para a mudança e trabalhar o autoconhecimento para poder melhorar. Entender quais são suas fortalezas e fraquezas, seus medos e sonhos, são cruciais para iniciar essa aprendizagem. É válido ressaltar que as empresas procuram por profissionais que sejam protagonistas da sua carreira, foi se o tempo de a empresas criarem um plano de carreira e os colaboradores viverem esse modelo como algo concreto. As pessoas no momento atual não são “da organização”, mas sim “fazem parte da organização”. Procure as empresas que estejam de acordo com esse seu protagonismo, para que você realmente possa crescer alinhado a resultados positivos para a empresa. Outra questão é sobre o pensamento coletivo, como ser um bom líder, como criar empatia, sabendo que a realidade a médio prazo nosso contato humano será de forma digital. E por fim, a inovação e o intraempreendedorismo, para agregar valor na sua função, agregar valor para a empresa. E saiba que o fundamental é praticar, não ficar só na base dos estudos! E como conselho final: tenha ambição para crescer, mas também tenha humildade para dar um passo atrás e pedir ajuda!

Saraiva: Como você encontrou seu propósito de vida?

Carla: Eu demorei para chegar na conclusão do meu propósito, por mais que ele sempre estivesse presente em todas as minhas experiências. O autoconhecimento é o caminho inicial pela busca do propósito. Algo que ficou claro com o tempo, foi ver que o que me alegrava era trabalhar no desenvolvimento do próximo. Ao entender isso, sai da minha zona de sofrimento e consegui usar como uma alavanca para melhorar meus resultados! Questione-se sempre, faça perguntas como “O que você faria de graça pelo resto da vida e que te deixaria feliz?”. Adote estratégias para que você possa sempre ver seu propósito em ação, independente do cargo e empresa que você esteja. Viver dessa maneira são os passos iniciais para ser o protagonista da sua história!

Saraiva: Como você vê a importância da diversidade dentro das empresas?

Carla: Melhora a tomada de decisão, desenvolve a colaboração, fica mais claro entender qual realmente é a necessidade das pessoas. Não adianta abrir um home office, sem saber como é a realidade de uma mãe dentro de casa, por exemplo. Uma organização que abraça a diversidade começa a entender melhor essa individualidade do colaborador. Empresas que trabalham dessa maneira tendem a ter resultados maiores do que as empresas que não olham para isto. Essa causa não é algo só do RH, mas sim de toda a empresa! A abertura da diversidade precisa ser abraçada por todos, independentemente do nível hierárquico.

Saraiva: O que você recomenda para os universitários que querem ingressar no mercado de trabalho (Estágio/Trainee)?

Carla: Entendam que inteligência é diferente de consciência humana. A consciência humana é um processo construtivo que é feito dia a dia. A inteligência artificial que irá crescer nas empresas nunca terá as crenças relacionais e comportamentais de uma pessoa. Sempre busquem o protagonismo, senso crítico, trabalhem a humildade, para que possam realmente se desenvolver como ser humano. Enquanto trabalham isto, procurem pelas formas de trabalho que se encaixam com esse seu desenvolvimento, porque caso isto não ocorra a possibilidade da infelicidade poderá ser alta.

Saraiva: Pergunta do espectador. Quais as competências que surgem com esse novo cenário de pandemia?

Carla: Eu não vejo novas competências, mas sim competências potencializadas. A empatia pelo próximo, a colaboração, a flexibilidade e a adaptabilidade são exemplos de competências. São pontos que independem do desejo da organização, mas sim da procura pelo autoconhecimento e crescimento pessoal.

Saraiva: Pergunta do espectador. Como ficará o relacionamento dos colaboradores com o home office?

Carla: Existe um movimento natural das pessoas desenvolverem a apatia por não ter mais o contato com o próximo. O home office a médio e longo prazo poderá trazer uma zona de conforto onde poderemos evitar a interação. Existem pesquisas que mostram que a vídeo conferência é uma estratégia que pode evitar esta apatia com o próximo. Outra questão é sobre planejamento, criar uma rotina de trabalho para que gere o resultado que a empresa necessita, mas que não te faça viver 24 horas do seu dia trabalhando, mostrar que é possível ser produtivo dentro de casa.

Saraiva: Pergunta do espectador. É possível ser especialista em mais de uma área?

Carla: Acredito que sim, mas não dá pra ser especialista em muitas áreas. Não dá para você achar que dá pra entregar tudo com consistência, existe a possibilidade de você se sabotar e na verdade estar entregando algo superficial!